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Blog da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa do Centro Regional de Braga

terça-feira, outubro 28, 2008

Revestimento da escadaria nobre foi agora recuperado


MUNICÍPIO MOSTRA AO PÚBLICO

AZULEJOS DO CONVENTO DO PÓPULO


A Câmara Municipal de Braga apresenta publicamente, a 19 de Novembro, o trabalho desenvolvido na recuperação do revestimento azulejar da escadaria nobre do Convento do Pópulo.

De acordo com a Vereadora da Cultura, após a apresentação, que acontece às 12h00, iniciam-se visitas guiadas aos diferentes painéis de azulejos, sendo disponibilizado aos visitantes alguma literatura sobre este património.

De igual forma, vai estar instalado, a partir de então, na escadaria em referência, um quiosque multimédia que permite a visualização de um trabalho audiovisual sobre o processo de restauro ali desenvolvido.

As visitas-guiadas, gratuitas, que se iniciam a 24 de Novembro, dirigem-se ao público em geral, mas privilegiam a comunidade escolar, acontecendo às quartas, quintas e sextas-feiras, entre as 09h30 e as 11h30 e entre as 14h30 e as 16h30.

Implicam a inscrição prévia, que deve ser feita junto da Divisão Municipal de Renovação Urbana, tutela do Gabinete de Arqueologia, que coordenou este projecto de intervenção no património público: 253 203 150 (Ana Fernandes - extensão 1106) ou arqueologia@cm-braga.pt.

Ilda Carneiro, a Vereadora da Cultura, explica que o filme produzido sobre esta intervenção «mostra o processo de restauro e fornece ao público a percepção de todas as fases do processo de salvaguarda deste interessante e valiosíssimo património arquitectónico».

«Estas acções visam contribuir para a divulgação do património recuperado, promovendo a valorização e dinamização do edifício onde se insere – o Convento do Pópulo –, classificado como Imóvel de Interesse Público», sublinha.

CONVENTO DO PÓPULO

A construção da igreja e convento do Pópulo iniciou-se em finais do século XVI, pela ordem do arcebispo D. Frei Agostinho de Jesus, com o intuito de albergar o seu jazigo. Ao longo do século XVIII foram introduzidas diversas alterações de carácter barroco, ainda hoje visíveis em múltiplos elementos decorativos do interior da igreja e nos azulejos do interior.

Em finais do século XVIII, sob a autoria do engenheiro e arquitecto Carlos Amarante, procedeu-se a obras de reconstrução, conciliando as matrizes barrocas com o neoclássico, recebendo o conjunto edificado a imagem que chegou até nós.

Após 1834, altura em que a ordem que ocupava o convento foi extinta, o imóvel foi transformado em quartel militar, perdurando essa função até à última década do século XX, altura em que foi adquirido pela Câmara Municipal de Braga, que iniciou os trabalhos de restauro e reabilitação necessários à salvaguarda do imóvel e à instalação dos serviços municipais.

Em 2006, com a colaboração do IPPAR, iniciaram-se os estudos e trabalhos técnicos que conduziram ao restauro do revestimento azulejar da escadaria nobre do convento, que se encontrava em elevado estado de degradação.

A intervenção teve por base o levantamento do estado de conservação dos mesmos, procedendo-se ao seu restauro, privilegiando o seu valor artístico, através do recurso ao uso de réplicas, colmatando lacunas existentes de modo a proporcionar a leitura e percepção estética do silhar de azulejo.

Subjacente a esta intervenção esteve também o intuito de disponibilizar ao público este património, numa dimensão turistico-cultural, para que possa ser plenamente fruído.

AZULEJARIA DA ESCADARIA NOBRE

As dependências conventuais do conjunto edificado são compostas por diversos espaços, de que se destaca o claustro e a escadaria nobre. Esta é composta por dois pares de lanços de escadas laterais, simétricas que conduzem a um patamar intermédio, amplo e rectangular, de onde irrompem dois lanços centrais opostos e que terminam nos corredores de acesso às alas laterais, respectivamente da frontaria e das traseiras.

A escadaria nobre apresenta revestimento em silhar de azulejo, composto por uma série de painéis de azulejo de contorno recortado. Datado do século XVIII, este silhar enquadra-se no período denominado como “Ciclo dos Mestres”, que se destacou pela monocromia azul e pela contratação de pintores de cavalete para a execução de painéis de azulejos, conferindo, assim, o efeito de tridimensionalidade ao espaço onde estavam inseridos.

Iconograficamente, o revestimento da escadaria nobre do convento do Pópulo apresenta temática religiosa, relacionada com a meditação contemplativa, pela figuração de monges agostinhos em cenários bucólicos, estando directamente relacionados com a ordem religiosa que ocupava o convento, a Ordem dos Ermitãs de Santo Agostinho

Em Portugal, o azulejo assumiu especial importância pelo modo de aplicação, associado à arquitectura através de revestimento, assim como pela sua longevidade e resistência física.

No entanto, o azulejo acabou por ultrapassar a sua função utilitária, alcançando estatuto de arte que reflecte a história e cultura portuguesa.

Câmara Municipal de Braga, 27 de Outubro de 2008

P’ O Gabinete de Comunicação,

(João Paulo Mesquita)

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